Saúde
População reclama da falta de remédios na Farmácia Municipal
Usuários estão recorrendo ao comércio para não interromper tratamentos
Gabriel Huth -
É difícil manter-se impassível frente à informação: faltam medicamentos na Farmácia Municipal de Pelotas. Certos remédios chegam a ficar oito meses indisponíveis a 300 pelotenses que diariamente se deslocam ao local em busca de produtos essenciais para tratamentos de saúde. Atraso nos repasses estaduais e entrega de menor quantidade que o montante contratado estão entre as principais causas.
Logo pela manhã o aposentado Carlos Martins vem ao Diário Popular. Ele reclama da falta de carbonato de lítio e omeprazol, imprescindíveis para o tratamento da namorada, que entre os dois remédios toma 120 comprimidos por mês. Porém, desde maio eles estão em falta e Martins recebeu a informação de que não há previsão para que voltem a estar disponíveis. É a terceira vez no ano em que o problema ocorre. “Há um descaso total. Falta de planejamento”, critica.
Pouco depois a reportagem se dirige à Farmácia Municipal e não demoram a aparecer mais casos de pelotenses que passam pela situação. Carmenlei Ávila há três meses tenta conseguir amplictil e omeprazol. “Agora vou ter que comprar”, revolta-se. Em média, o primeiro custa R$ 10,00 e o segundo R$ 16,84 no comércio. Logo após surge Clóvis Santos e a inquietude está exposta no rosto. Ele, desde agosto, busca latrimogina, cuja embalagem com 30 comprimidos chega a custar R$ 120,00. “Tu vais esperando, esperando, até chegar a vez de vir buscar novamente e seguir não tendo”, lamenta.
O caso talvez mais emblemático seja o do aposentado Cláudio da Rosa. Hoje com 60 anos, ele há 14 foi diagnosticado com Mal de Parkinson e desde abril encontra problemas para adquirir a medicação concedida pela Justiça desde 2005. A principal carência, aponta, é o sifrol, cujo preço varia entre R$ 100,00 e R$ 300,00.
Justificativas
As causas são variadas e é preciso fazer a distinção: existem medicamentos cujo fornecimento é feito pelo governo do Estado e outros cuja responsabilidade é do município. No primeiro caso, de acordo com a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS), a falta se dá por atrasos burocráticos no repasse realizado pelo órgão estadual.
No âmbito municipal, o principal motivo, de acordo com a secretária de Saúde, Ana Costa, é a não entrega de medicamentos adquiridos. “A gente solicita e a empresa entrega parcialmente”, explica. Nesses casos, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) investiga o ocorrido para descobrir se houve má-fé de quem foi contratado - e aí são abertos processos administrativos - ou falha técnica, culminando em compras emergenciais. “Procuramos sempre ter processos de compra em andamento para que não falte medicamentos, mas por vezes isso ocorre”, diz.
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